Um dia sentei-me sozinho na plateia, era a plateia do Teatro Monumental, tinha cinco ou seis anos, pensei, tenho uma sala só para mim, dos oitocentos lugares, o meu era o único ocupado. Vi a Senhora Laura Alves a encenar com o Senhor Paulo Renato, o silêncio era absoluto, constrangedor até, sentia-me pequenino, mas eu era pequenino, aquilo que eu sentia, é difícil de descrever, sei que pensava "um dia vou ser comediante". Passaram mais de quarenta anos, e hoje antes de subir ao Palco, revejo todos aqueles dias, meses, anos, em que assisti a tantos ensaios, de tanta gente fantástica que já partiu, e sinto-me um privilegiado, tanta gente que me inspirou, e tenho a certeza de uma coisa que me deixa feliz, o Teatro nunca vai morrer!